Marra e ocupação
racismo e segregação urbana
Palavras-chave:
cidade, migração, periferia, racismo, segregaçãoResumo
A cidade se forma e se segrega na mesma intensidade em que ocorre sua expansão. Essa cidade então fica dividida entre a cidade branca, que é a cidade dos sonhos e da bela arquitetura, e a cidade negra, a cidade da margem e da arquitetura da necessidade. Neste presente trabalho, busca-se entender o que leva a estigmatização que as áreas periféricas sofrem dentro da cidade contemporânea e investigar a vivência dos corpos que as habitam. A pesquisa tem enfoque no município de São Gotardo (MG), localizado na região do Alto Paranaíba; esse município é popularmente reconhecido pela sua produção agrícola, em especial o plantio de cenoura e alho. Com esse reconhecimento, a cidade, em todos os anos, recebe migrantes vindos do Maranhão em busca de melhores oportunidades de vida. Embora esses migrantes ocupem, em maioria, a cidade para trabalharem nas lavouras, ocorre uma estigmatização da população em relação a esses corpos. Conhecidos como “briguentos” e “marrentos”, os maranhenses ficam taxados como os maiores responsáveis pelo número de violência na cidade. O distrito Guarda dos Ferreiros, que é dividido entre o município de São Gotardo e Rio Paranaíba, é a maior exemplificação deste fato, já que grande parte de sua população é constituída desses migrantes, e as brigas de rua e assassinato são frequentes. Por meio de investigação das narrativas urbanas dos bairros periféricos analisados na pesquisa, procura-se entender a percepção de lugar e desmistificar a imagem desses flutuantes que o ocupam, reconhecendo-os como corpo negro que sofre segregação na cidade.