POTENCIAL DE APLICAÇÃO DA CASCA DE BANANA E DO BAGAÇO DE CANA COMO BIOADSORVENTES DE AZUL DE METILENO
Palavras-chave:
adsorção, adsorventes alternativos, corante têxtil, resíduos agrícolasResumo
O uso de resíduos agroindustriais como adsorventes alternativos no tratamento de efluentes industriais vem sendo utilizado e contribui para a mitigação dos impactos ambientais. O corante azul de metileno é um composto orgânico utilizado em larga escala na indústria têxtil, o qual, se descartado incorretamente, pode acarretar danos aos seres humanos e animais. Este trabalho pretendeu avaliar as propriedades físico-químicas da casca de banana e do bagaço de cana, considerando suas características relacionadas ao uso como bioadsorventes de corantes. As amostras foram submetidas à secagem em estufa a 105°C, e redução granulométrica em liquidificador industrial. Foram avaliados os parâmetros físico-químicos: umidade, diâmetro médio de Sauter (peneiramento), massa específica real e aparente, porosidade, pH, ponto de carga zero e mesoporosidade (capacidade máxima de adsorção). As análises foram realizadas em triplicata considerando-se a fração granulométrica entre 150 e 300 µm. As cascas de banana (umidade b.u. 14,27 ±0,25%) e o bagaço de cana (umidade b.u. 9,81 ±0,24%) possuem diâmetro médio de Sauter de 0,604 mm e 0,514 mm, respectivamente. As massas específicas real e aparente obtidas para a casca de banana foram de 0,671 ±0,062 g/cm3 e 0,279 ±0,011 g/cm3. Já para o bagaço de cana, obtiveram-se os valores de 0,442 ±0,065 g/cm3 e 0,070 ±0,001 g/cm3, respectivamente. O bagaço de cana indicou porosidade mais favorável à adsorção (84,00 ± 2,65%) que a casca de banana (58,33 ±2,52%). Os resíduos apresentaram pH similar, sendo registrado 5,64 ± 0,03 para casca de banana e 5,88 ±0,03 para o bagaço de cana. O ponto de carga zero encontrado para os materiais é da ordem de 6,6 para casca de banana e 7,3 para o bagaço de cana. Ressalta-se que o azul de metileno é um corante básico (catiônico); dessa forma, suspensões com pH acima do ponto de carga zero favorecem a adsorção do corante. A capacidade máxima de adsorção foi estimada por regressão não-linear com o modelo de Langmuir, de acordo com a adsorção dos resíduos em diferentes concentrações do corante, de modo que a casca de banana apresentou capacidade de 260,28 mg/g (R2 = 0,998; RMSE = 4,07), enquanto o bagaço de cana obteve resultado de 124,99 mg/g (R2 = 0,985; RMSE = 3,88). A mesoporosidade está relacionada à área superficial dos poros, o que contribui para o processo de adsorção nos sítios ativos. Conclui-se, portanto, que os resíduos possuem características favoráveis ao uso como adsorventes de azul de metileno.