Terapia esclerosante intralesional para hemangiomas intrabucais
relato de caso
Resumo
Estudo do caso: O hemangioma é uma lesão vascular de etiopatogênese controversa, podendo representar uma neoplasia benigna de vasos sanguíneos, um hamartoma ou malformação vascular. A maioria das lesões que envolvem a boca é encontrada em mucosa jugal, lábios, língua e palato. Clinicamente, pode apresentar-se como uma bolha, mácula ou nódulo de coloração avermelhada ou arroxeada. A terapêutica para as lesões menores e periféricas envolve esclerose, laserterapia, radioterapia, eletrocoagulação e crioterapia. Nas lesões maiores e/ou intraósseas, deve-se realizar a embolização ou obliteração da lesão. Avaliação: Relato de caso clínico que ressaltou a conduta de um hemangioma intrabucal localizado no lábio superior do paciente por meio da aplicação intralesional de agente de esclerose vascular. Intervenção: O paciente M.V., gênero masculino, 55 anos, feoderma, procurou atendimento odontológico apresentando como queixa principal, a presença de nódulo no lábio superior esquerdo, sem sintomas, porém endurecido. Ao exame extrabucal observou-se aumento volumétrico sólido em proximidade com a comissura labial esquerda e indolor à palpação. Ao exame intrabucal observou-se aumento nodular e arroxeado do lábio superior esquerdo de consistência sólida, coloração arroxeada e com extensão para mucosa jugal adjacente. À palpação, nenhuma sintomatologia dolorosa foi referida pelo paciente e o mesmo também não soube precisar em que momento da infância a lesão em questão veio a se manifestar. Após a realização de punção aspirativa negativa para conteúdo sanguinolento, propôs-se a realização de biópsia incisional a fim de descartar outros processos hamartomatosos como as malformações arteriovenosas (MAVs) e até mesmo outros processos proliferativos neoplásicos (sarcomas vasculares). O material coletado por biópsia incisional foi encaminhado para exame histopatológico. O diagnóstico de lesão vascular benigna – hemangioma foi estabelecido. Propôs-se a realização de conduta terapêutica com base na utilização do agente esclerosante oleato de etanolamina 0,05 g/ml numa diluição de 1:5 em água deionizada para injeção. O medicamento foi administrado por meio de injeção intralesional com intervalos de 15 dias entre aplicações (total de quatro aplicações). Sinais clínicos de diminuição volumétrica do nódulo e atenuação da coloração arroxeada ficaram evidentes logo após a primeira sessão clínica. Conclusão: A terapêutica apropriada para hemangiomas é dependente da localização, aspectos clínicos, risco de trauma local, extensão, classificação da lesão e idade do paciente. A escleroterapia para lesões intrabucais de porte pequeno ou médio tem se mostrado eficaz na involução gradual de tais lesões e diminuição do risco de acidente hemorrágico local por trauma, além do ganho estético pelo paciente.