Concentração do índice de flúor nos dentifrícios após a exposição ao meio ambiente e próximo ao término da validade
Resumo
Introdução: A cárie dentária é resultado da colonização da superfície do esmalte por microrganismos – especialmente os Streptococcus mutans – que, metabolizando carboidratos fermentáveis, como por exemplo, a sacarose, produzem ácidos. É considerada uma doença multifatorial e reconhecida mundialmente como a patologia bucal com maior prevalência. Existem fatores considerados determinantes e outros modificadores que podem interferir no desenvolvimento da doença cárie, sendo a presença de flúor na cavidade bucal considerado como um importante fator que irá atuar diretamente no aparecimento e evolução da doença. Revisão de literatura: Atualmente, o Brasil apresenta um declínio na prevalência da doença cárie, sendo que esta mudança se deve graças aos programas de saúde coletiva implementados pelo poder público, como é o caso do programa Brasil Sorridente, que possui a adesão dos programas de Cárie Zero e a fluoretação das águas de abastecimento público, instituída como lei desde o ano de 1974. Outro fator de suma importância para a prevenção dessa doença é a utilização dos dentifrícios fluoretados, considerados como uma maneira consciente do uso, promovendo a desorganização do biofilme e proporcionando o processo de desmineralização–remineralização. A incorporação de flúor aos dentifrícios, no Brasil, ocorreu na década de 80 e, de lá para cá, a sua utilização tem sido uma das responsáveis pela diminuição considerável nos índices da doença. A resolução 79, do ano de 2000, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) concretiza que a concentração máxima de flúor nos dentifrícios fluoretados deveria ser de 1.500 ppm de flúor (15%), porém, não há exigência de uma quantidade mínima. Entretanto, observa-se que após abertura do tubete, o índice de formulação do flúor tende a cair com o decorrer do tempo. Discussão: É notório que os dentifrícios não possuem a capacidade de manter a concentração de flúor ao decorrer da sua validade, tendo em vista que pesquisas demonstram haver a perda de cerca de 28% da concentração de flúor na sua composição ao longo de 2 anos, em temperatura de armazenamento de 25°, sendo que sua validade pode durar até 3 anos. Com isso, existe a necessidade de uma intervenção das regulamentações da ANVISA, para que esta estabeleça a quantidade de flúor que esteja quimicamente solúvel e disponível nos dentífricos ao longo de sua vida útil e, assim, não colocar em risco a saúde bucal do paciente, por este não exercer a ação ideal do efeito anticárie. Conclusão: Os dentifrícios fluoretados expostos há muito tempo ao meio ambiente externo e ao final da sua validade, perdem gradativamente os íons de flúor. Desta forma, necessita-se de suporte para a mudança nas legislações da ANVISA, com fiscalização na produção dos dentifrícios. Já em ambiente odontológico, cabe ao cirurgião-dentista orientar os pacientes sobre o uso consciente desses dentifrícios.