Manejo do paciente com risco de desenvolver endocardite infecciosa durante procedimentos odontológicos
revisão de literatura
Resumo
Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma infecção do endocárdio causada, geralmente, pela colonização das válvulas cardíacas por bactérias ou fungos. Trata-se de uma doença que, apesar de rara, pode ser potencialmente fatal, com grande repercussão clínica, envolvendo altos custos de tratamento e grande morbimortalidade. A doença é caracterizada pelo desenvolvimento de processo inflamatório no endocárdio, oriundo de infecção microbiana. As características clínicas são inespecíficas, tais como febre alta, dificuldade respiratória e disfunção cardíaca, cujas consequências podem culminar com sepse, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. Revisão da literatura: O objetivo deste trabalho é esclarecer sobre a conduta clínica de prevenção da EI proveniente de procedimentos odontológicos e enfatizar a importância da conscientização de acadêmicos de odontologia e cirurgiões-dentistas perante pacientes de risco para EI. O presente trabalho consiste de uma revisão narrativa de literatura com pesquisa de artigos datados de 2005 a 2021 nas bases de dados Pubmed, Scielo, Medscape e Google Acadêmico, utilizando-se os seguintes descritores: “Endocardite bacteriana. Odontologia. Profilaxia antibiótica”. Discussão: São candidatos ao desenvolvimento de EI portadores de válvula cardíaca protética, cardiopatas e pacientes que fazem uso de drogas intravenosas e que se submetam a procedimentos médico-dontológicos capazes de provocar bacteremia transitória. Os microrganismos normalmente associados à EI são estreptococos e estafilococos. A cavidade oral é um dos principais focos de bacteremia. Desta forma, existem procedimentos odontológicos que podem causar bacteremia transitória em pacientes de risco para a EI, em especial a periodontia, devido à grande quantidade de microrganismos orais associados ao sangramento que normalmente ocorre durante este tipo de tratamento. Cabe ao cirurgião-dentista a responsabilidade de minimizar riscos, ainda mais considerando as diversas complicações advindas da EI. Nesse sentido, a profilaxia antibiótica faz-se necessária em pacientes que possuam maior susceptibilidade ao desenvolvimento dessa condição e, principalmente, em procedimentos odontológicos que aumentem o risco, causando lesão tecidual que, por sua vez, podem produzir uma bacteremia transitória e evoluir para uma EI. Conclusão: A EI é uma doença que pode ser fatal se não diagnosticada precocemente e tratada corretamente, mas que felizmente pode ser prevenida. O conhecimento acerca desta condição tem crescido muito ultimamente, possibilitando uma análise mais detalhada da anamnese do paciente com histórico de EI, definindo a sequência do seu tratamento. Evidentemente, o controle do biofilme dental, bem como o cuidado com a saúde bucal devem ser prioridades na prevenção da endocardite bacteriana de origem odontogênica. Conforme preconizado pela American Heart Association (AHA), pacientes que apresentem determinadas condições cardíacas ou história prévia da doença devem submeter-se a profilaxia antibiótica. Contudo, a prevenção da endocardite não diz respeito apenas à administração de uma dose profilática de antibiótico, mas engloba uma série de medidas normativas para o atendimento de pacientes vulneráveis ao desenvolvimento da doença. É de suma importância que acadêmicos e dentistas estejam cientes sobre a conduta clínica do paciente com o risco de desenvolver EI, além da interação entre dentista e cardiologista, a fim de propiciar o melhor atendimento possível ao paciente, de forma a assegurar ao mesmo um adequado e seguro atendimento odontológico.