O papel do cirurgião-dentista nas unidades de terapia intensiva
realidade apresentada pela literatura
Resumo
Introdução: A Odontologia Hospitalar é uma conquista relativamente recente para os cirurgiões-dentistas, sendo oficialmente reconhecida como habilitação em 2015. Desde então, sua história tem sido marcada por conquistas e desafios, sendo um dos principais o veto presidencial em 2019 a um projeto de lei que visava obrigar os hospitais a incluírem um cirurgião-dentista em suas equipes de cuidados em terapia intensiva. O papel do cirurgião-dentista na equipe hospitalar abrange desde os cuidados diretos ao paciente até a capacitação e educação continuada da equipe multiprofissional, visando promover a saúde de maneira abrangente. O objetivo deste trabalho é identificar o papel do cirurgião dentista e os protocolos de cuidado, bem como as implicações na saúde e qualidade de vida dos pacientes em terapia intensiva. Revisão da Literatura: Foi conduzida uma revisão integrativa da literatura, associada à atualização de uma revisão realizada em 2022, na qual foram selecionados 8 artigos, com a pergunta norteadora: “quais as possibilidades e implicações da participação do cirurgião-dentista nas equipes de cuidados em saúde nas unidades de terapia intensiva?”. As chaves de busca utilizadas foram os termos “ICU” e “dentistry”, combinados com o operador booleano “and”, nas bases de dados Scielo e PUBMED. Foram incluídos artigos publicados entre os anos de 2017 a 2023, nas línguas inglesa e portuguesa, disponíveis na íntegra, enquanto trabalhos da literatura cinzenta foram excluídos. Após a aplicação dos critérios de inclusão, 14 artigos foram selecionados para análise qualitativa. Discussão: A equipe de Odontologia desempenha um papel crucial nos cuidados multiprofissionais oferecidos aos pacientes em terapia intensiva. Os cuidados bucais, especialmente a limpeza mecânica combinada com a aplicação de clorexidina 0,12%, demonstram ser eficazes na redução significativa dos casos de pneumonia nosocomial e associada à ventilação mecânica. Além disso, a capacitação da equipe de cuidados é fundamental para diminuir as comorbidades relacionadas à falta de higiene oral durante a internação. Nesse contexto, a implementação dessas medidas, juntamente com o posicionamento adequado do leito, pode resultar em uma redução no tempo de internação e, consequentemente, nos custos hospitalares. Esses benefícios têm um impacto significativo na saúde pública, destacando a importância dessas práticas como parte das políticas de saúde coletiva. Conclusão: Após considerar os pontos mencionados, torna-se evidente que o cirurgião-dentista deve manter-se atualizado para estar apto a atuar em novos campos de trabalho, como o ambiente hospitalar. A utilização da clorexidina 0,12% emerge como um componente importante nos protocolos de higiene bucal, quando associada à adequada limpeza mecânica. Tanto pacientes quanto equipe de cuidados multiprofissionais podem se beneficiar da presença do cirurgião-dentista no ambiente da terapia intensiva. Além disso, é importante ressaltar que a presença do profissional da Odontologia pode resultar em economia para os cofres públicos, através da redução do tempo de internação dos pacientes. Essa abordagem não apenas promove a saúde bucal dos pacientes, mas também contribui para a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde oferecidos em ambientes hospitalares.