Odontologia hospitalar no contexto da atenção à pessoa com câncer
revisão da literatura
Resumo
Introdução: A odontologia hospitalar (OH) tem como principal objetivo cuidar e tratar dos pacientes que estão internados em ambiente hospitalar. O cirurgião-dentista que atua nesse contexto deve integrar-se à equipe multidisciplinar para garantir o cuidado integral da saúde do paciente, por meio de atividades tanto preventivas quanto curativas. O aumento dos casos de neoplasias malignas tem resultado em um aumento significativo no número de pessoas submetidas a tratamentos quimioterápicos ou radioterápicos, o que torna essencial que o cirurgião-dentista esteja atualizado sobre as possíveis consequências desses tratamentos oncológicos. Revisão de literatura: O presente trabalho constitui uma revisão de literatura que aborda a relevância da Odontologia Hospitalar no contexto do tratamento oncológico, visando melhorar a qualidade de vida desses pacientes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem destacado a comprovada relação entre a saúde bucal e a saúde geral, ressaltando que os cuidados odontológicos podem prevenir e/ou mitigar a condição de pacientes críticos por meio do controle do biofilme, tratamento de doenças decorrentes do biofilme dental e gerenciamento de lesões traumáticas e infecciosas, contribuindo assim para a redução do risco de infecções sistêmicas. Nos pacientes oncológicos, tanto a malignidade dos tumores quanto os efeitos adversos do tratamento, especialmente a radioterapia e a quimioterapia, podem acarretar complicações significativas na cavidade bucal, incluindo alterações funcionais e sensoriais na mucosa oral, além do aumento da susceptibilidade à cárie dentária e à doença periodontal. A Odontologia Hospitalar desempenha um papel crucial nesse contexto, atuando de diversas maneiras, como no tratamento da mucosite oral, no diagnóstico de lesões orais, na preparação bucal prévia à radioterapia, quimioterapia e terapia com bisfosfonatos, contribuindo assim para a redução do tempo de internação e dos custos financeiros hospitalares. Discussão: A literatura destaca que o cirurgião-dentista desempenha várias funções para preparar o ambiente bucal antes do tratamento oncológico, incluindo a remoção de cálculos dentários e lesões de cárie, bem como o acabamento e polimento de restaurações existentes e a extração de dentes com prognóstico incerto, entre outras intervenções. A mucosite oral é uma das condições mais comuns encontradas na cavidade bucal desses pacientes, surgindo aproximadamente sete dias após o início da quimioterapia e desaparecendo de duas a quatro semanas após a interrupção da terapia citotóxica. A laserterapia é frequentemente indicada para o tratamento dessa condição, ajudando a minimizar o desconforto causado pela mucosite oral. Além disso, podem ser empregados medicamentos protetores da mucosa, analgésicos e lavagens da mucosa com soluções salinas e bicarbonato para alívio dos sintomas. Outras condições, como xerostomia, disgeusia e infecções fúngicas, também podem ser encontradas em pacientes em tratamento para câncer de cabeça e pescoço. Conclusão: A atuação da Odontologia Hospitalar em conjunto com a equipe multiprofissional proporciona melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes oncológicos, tanto durante o tratamento hospitalar quanto no ambiente domiciliar, contribuindo para um maior conforto durante todo o processo terapêutico e minimizando as sequelas no aparelho estomatognático.